(Texto originalmente escrito para um fórum de discussão do curso de pedagogia, inspirando totalmente na vivência do autor).
O “Crescer” é uma tarefa árdua por diversos motivos, se considerarmos que a grande maioria da população não tem uma família estruturada, ou tem problemas sérios financeiros, concluímos que uma minoria dos adultos atuais conseguiram aproveitar sua infância e, se considerarmos todos os traumas, abusos, violência familiar entre outras infelicidades nossa porcentagem diminui, desse modo, grande parte dos adultos não sentiu seu próprio crescimento, com isso não consegue compreender uma criança, tal fato é notável se observarmos a maneira que os pais lidam com os filhos, com seus traumas e bloqueios não resolvidos sendo passados para seus filhos, fazendo essas mazelas serem um ciclo vicioso, que toda geração cria pessoas doentes mentalmente.
Abordo isso a partir de minha própria vivencia, onde problemas familiares não permitiram o desenvolvimento pleno das habilidades sociais e mentais, o que acabou criando certos problemas na vida adulta, e por grande parte dela não pude entender as crianças, as tratava como adultos em miniatura, pois não enxergava que tinha como base minhas próprias frustrações ao analisar uma criança, impondo a elas minhas limitações pelo simples motivo de “as coisas serem assim”.
Apenas com um amadurecimento proporcionado por terapia, somado a experiência de trabalhar com crianças e, com o treino da empatia, entender o local delas, seu pensamento e compreender que cada pessoa é única em suas especificidades pude finalmente entender que, como professor, eu deveria motivar meus alunos e utilizar sua vivência na educação, compreendendo que cada aluno tem sua limitação que deve ser trabalhada, não esperando um aluno ideal, padrão.
Desse modo, um dos maiores obstáculos do professor de educação infantil é entender seu local como formador daquela criança, se anulando completamente suas frustrações pessoais ao entender o próximo, compreendendo que sua vivência nunca será igual à do próximo e, que por esse motivo, suas experiências pessoais não podem ser utilizadas como meio regulador de algo, o processo de “voltar a ser criança” que o educador precisa não é o mesmo ser infantilizado, mas sim entender que a criança é um ser complexo em desenvolvimento, analisar essas como seres com emoções e frustrações específicas e vida, e que tudo isso precisa ser considerado no exercício de educar, não reproduzindo tolices argumentativas como “geração Nutella” ou utilizando chavões como “no meu tempo era diferente”, mas sim entendendo que a sociedade muda e se adapta, a realidade das crianças não é mais como as das gerações passadas, o capitalismo gerou pais ausentes e a informação em massa criou outros riscos emocionais, e tudo isso necessita ser considerado.
O professor precisa sempre entender como ele, como criança, teve suas dificuldades e ter empatia ao entender seus alunos, as crianças e seu modo de vida por ser diferentes, mas as crianças são sempre crianças, não importa a época, condição social ou modelo social, e devem ser entendidas como crianças, com suas facilidades e limitações.