
Certa vez, há alguns anos atrás, em uma das primeiras vezes vezes que usei o Tinder pós fim do meu “Casamento”, ainda sem saber me conectar com alguém a nível romântico dei match com uma garota, ela vinha de situação semelhante, divórcio recente, expectativa de relacionamento frustrada, começamos a conversar todos os dias, pois tínhamos gostos em comum e o mesmo senso de humor depressivo e depreciativo, chegamos a sair duas vezes mas a minha insegurança me segurou de tentar algo, creio que ela também, então ficamos amigos, e nunca realmente ficamos ou coisa assim.
Sempre conversávamos sobre música, cinema e politica, tínhamos o costumo de, de brincadeira, sempre ofendermos um ao outro, seja por gostos pessoais ou ações nessa vida de ter mais de trinta anos, ter problemas com depressão e viver sozinho, foram anos assim, entre relacionamentos furados, sempre conversamos sobre nossas vidas e dávamos risada da nossa predestinação a sermos uns ferrados.
Ela acabou se mudando por uma oferta boa de emprego, foi para uma cidade menor em um outro Estado, se sentia sozinha por lá, tentou alguns relacionamentos que acabaram em frustração, deixou se levar por alguns vícios mas conseguiu evitar depois, as coisas pareciam meio tristes, mas bem.
Até que ela conheceu um rapaz, mais novo, com um histórico complicado: Apoiador do governo, ou Bolsominion como dizíamos, com traços narcisistas e certas ações incomodas em relação a ela, porém sempre demonstrando que gostava dela, e estava disposto a tentar algo, que amava ela.
Eu em meu lugar de privilégio, podendo julgar, sempre condenei a relação: Dizia que ela era boa demais para se levar a isso, que o cara não era confiável, que a relação era furada, um dia ela, de um modo bastante nervoso revela uma descoberta que a deixou estarrecida: A ex do rapaz tinha um processo contra de agressão contra ele, e ele tentou dar mil desculpas, dizendo ser mentira, mas ela estava com medo.
Eu novamente, sendo privilegiado condenei veemente, ela disse que talvez fosse diferente, eu disse que os cemitérios estavam repletos de mulheres que acreditaram nesses discursos, que ela era mais esperta que aquilo, que não precisava dele, brigamos, fiquei alguns dias, ou quem sabe semanas, sem falar com ela, pois fiquei frustrado com a ação dela perante a isso, em uma expectativa tola minha, que não considerava ela como um ser individual.
Após um tempo tomei um susto, ela tinha deletado suas redes sociais, Instagram, Twitter, tudo sumiu, apenas vi uma foto dela com um buquê nos Stories do Whatsapp, logo depois fui bloqueado.
Não tem um dia que eu não pense se ela está bem, ou pelo menos, feliz.
E questiono a minha participação como amigo, fui mesmo um amigo? Eu, mesmo com o medo ou a desconfiança sobre o cara, não deveria ter sido mais empático com a confusão de uma pessoa que eu gosto? Como devemos agir com nossas pessoas queridas quando as mesmas se colocam em situações como essa?
Eu fui um babaca e não um amigo?
Mas enfim, eu espero que você esteja bem.
E que um dia possamos voltar a ser amigos.
Fique bem.