
Hoje em dia, como nunca antes somos expostos a uma quantidade absurda de ideias diariamente, a Internet permitiu podermos consumir ou compartilhar uma quantidade absurda de ideias e informações que permitiria que pudéssemos viver de uma maneira mais eficiente, de um modo que poderíamos superar ideias e comportamentos negativos do passado.
Porém;
Simultâneo a isso, o acesso à informação permitiu que o consumidor, isso mesmo, não o ser, mas sim o consumidor, percebesse o quanto as ideias são conflituosas ou polarizantes, para muitos houve o aumento de acesso a informações revelou um mundo sem uma verdade discernível, onde a maioria das coisas sobre a vida são inconclusivas, e essa incerteza e especulação sobre como são as coisas pode ter sido uma das principais bases do aumento mundial nas taxas de ansiedade, cinismo e desilusão.
Vivemos em um cenário onde todo dia o debate do o que é bom ou ruim, o que é certo ou errado, sempre visando uma decisão específica, mas esse debate é sempre enviesado a partir de uma bolha, um grupo, seja esse idealista ou negacionista, mediante a esses ideias conflituosas sempre leva ao debate que, por muitas vezes, se reduz ao maniqueísmo onde mal conseguimos encontrar nós mesmos.
Falhando em nossa tentativa de encontrar um ponto de apoio nesta realidade. Cada vez que uma nova ideia torna nossas ideias anteriores erradas ou inferiores, perdemos um pouco da esperança em confiar em qualquer ideia. Nenhuma religião, filosofia, ciência, governo, conselho de pais/professores ou autoajuda parece ser capaz de juntar qualquer verdade ou resposta para a vida que nos livre da incerteza ou dificuldade.
Talvez então não seja uma verdade ou resposta que devemos buscar para remover a incerteza e dificuldade da vida. Na tentativa de encontrar isso, podemos retornar ao Existencialismo, um movimento que começou no Ocidente durante o século XIX, com o início de uma popularidade decrescente das religiões tradicionais. Especificamente, vamos olhar para um dos pensadores existencialistas mais renomados: Jean-Paul Sartre.
Jean-Paul Sartre nasceu em 1905 em Paris, França, e é considerado um dos principais popularizadores do pensamento existencialista, Sartre escreveu vários livros que definem grande parte do existencialismo, sendo o mais popular “O Ser e o Nada”, que descreve o cerne do pensamento existencialista. Para Sartre e os Existencialistas, a vida não tem um significado ou verdade fundamental além do que é criado por nossas decisões e ações, além disso o Sartre foi companheiro de Simone de Beavoir, que possivelmente era uma pessoa que não ligava muito pra estética.
O núcleo do pensamento existencialista pode ser resumido na noção de que, como seres humanos, nossa existência precede nossa essência. Em outras palavras, não temos um propósito predeterminado e, consequentemente, não há uma maneira específica de viver. Tanto o propósito quanto a maneira de viver surgem apenas ao vivermos a vida e fazermos escolhas dentro dela. Para Sartre e os Existencialistas, somos livres para escolher o que fazemos, como se todos recebêssemos um bloco de argila ao nascer e fosse nossa responsabilidade decidir o que moldar com ele.
Contudo, Sartre aponta que, à medida que envelhecemos, nos tornamos mais influenciados por aqueles ao nosso redor, começamos a duvidar do que estamos moldando e a copiar o que os outros já fizeram, na tentativa de garantir que estamos fazendo algo bom ou correto. Para Sartre, não há maneira certa ou errada de moldar a argila; há inúmeras maneiras, todas igualmente absurdas, igualmente sem sentido e igualmente dignas de serem moldadas pelo indivíduo, isso é perceptível quando pensamos como as camadas mais velhas da sociedade, ao menos aqui no Brasil, se deixou levar de maneira t]ao fervorosa aos movimentos Fascista e Antidemocráticos.
Essa liberdade de moldar a vida da maneira que desejamos, combinada com um desejo profundo de moldá-la da melhor forma possível, é o que traz altos níveis de ansiedade na vida. “O homem está condenado a ser livre; porque, uma vez lançado ao mundo, é responsável por tudo o que faz”, escreve Sartre. Em outras palavras, não temos a capacidade de saber se nossas escolhas são boas ou ruins, certas ou erradas, porque, por algum motivo, nossa condição humana não nos permite isso.
Hoje, temos acesso a informações infinitas e soluções para lidar com a vida, mas também enfrentamos crescentes ansiedades, depressões e confusões. O existencialismo sugere que isso ocorre porque não existem respostas definitivas e atemporais para a vida humana. Não podemos fazer escolhas sabendo com certeza se serão as melhores para nós, então não devemos procurar ou esperar por respostas finais.
sso não significa evitar ideias e filosofias sobre a vida, mas sim ser cético e ajustar nossas expectativas. Muitas vezes, ideias sobre como viver são tanto arte quanto prescrições de vida. Não importa quão sábio um conselho possa parecer, nada sugere que alguém possa formar uma ideia melhor de como viver do que nós mesmos.
O existencialismo propõe que aceitemos a absurdidade e a falta de sentido da vida, transformando o caos em uma experiência única e pessoal. Como Sartre escreveu: “O homem está sozinho, abandonado na Terra em meio a suas infinitas responsabilidades, sem ajuda, sem outro objetivo que não o que ele mesmo estabelece, sem outro destino que não o que ele mesmo forja nesta Terra.”
Na era moderna da informação, muitos se sentem desconectados, buscando uma verdade que resolva a confusão e a alienação. Quando não a encontramos, sentimos que algo está errado. Desde cedo, somos dados a ideia de que existem poucas maneiras de viver, com um objetivo final de perfeição, verdade e felicidade. No entanto, é mais provável que existam inúmeras maneiras de viver, que cada um deve determinar para si mesmo.
Quando aceitamos que não há regras ou verdades fundamentais, nos tornamos conscientes de nossa liberdade e percebemos que não precisamos seguir padrões de ninguém sobre como viver. Podemos escolher de outra forma, olhar para dentro, considerar como desejamos experimentar a vida e moldar nossas escolhas de acordo. Assim, realizamos nosso pleno potencial, aceitando as incertezas e tornando a existência pessoalmente significativa.