Thank you for giving me your valuable time — Kaada

Kruppa
3 min readOct 31, 2021

Tu continuas à espera
Do melhor que já não vem
Que a esperança foi encontrada
Antes de ti por alguém
E eu sou melhor que nada

Tem isso aqui na entrada da minha Kitnet.

Depois de adulto eu passei a odiar finais de semana, especialmente os prolongados, não é que eu não me canse com a rotina de trabalhos, é cansativo, porém todo o trabalho te faz esquecer seus problemas, você esquece que é um fodido pois tem que enviar uma planilha, rever um plano de aula ou passar horas cadastrando uma burocracia totalmente inútil e redundante que não vai servir de absolutamente nada, mas pelo menos, você tem o que pensar.

É uma situação complicada quando se é solitário e tem a completa noção sobre a sua condição: “Você é intrinsicamente solitário, e talvez sempre seja assim, você não é necessariamente mau ou detestável, você é apenas sozinho, e está ok, porém, nem tanto ok”.

Na verdade, a existência é um coisa complicada quando se pensa na mesma, Albert Camus afirma que “julgar se a vida vale ou não a pena ser vivida significa responder à questão fundamental da filosofia.” porém me questiono o porque pensamos nisso, e outras pessoas parecem que não ligam? Em momento nenhum me julgo melhor que ninguém por questionar a validade da minha existência, tenho inveja até, mas me questiono mesmo se as pessoas não se importam ou, aqui do alto da minha análise não percebo que todas as pessoas questionam sua função existencial, porém de outros modos.

E se debatermos as relações humanas as coisas são um pouco mais complicadas, pois se criou uma expectativa cinematográfica de relacionamentos, com finais bonitos sem considerar que cada pessoa tem um objetivo, uma expectativa, uma perspectiva que nem sempre é compatível com a sua, então, as coisas não precisam dar certo, e está ok.

Fazer parte da sociedade conteporanea e lidar com a sensação de solidão, mesmo em meio a multidão de pessoas ou ao turbilhão de dados de uma existência online de conexões supérfluas e desnecessárias. frustrações e terrores psicológicos da vida moderna. O existencialismo nos diz que a solidão é intrínseca à condição humana, e essa existência levou a diversos pensadores a questionar a existências desses que se sentem solitários em uma multidão. Sartre aponta a solidão epistêmica de suas publicações que tratam a solidão como parte fundamental da condição humana pela relação paradoxal entre nossos desejos conscientes de encontrar significado e do vazio do universo.

Esse texto não tem um objetivo claro, não quero ser poético e não compaixão, só escrevi por uma necessidade de pensar, pensar minha própria e o que quero dela, o que me faz presente ou dá forçar para continuar e o que é irrelevante, o que devo objetivar e o que devo desejar, é uma bagunça completa.

Por fim, acho relevante encerrar com uma carta enviada por Fernando Pessoa ao seu amigo Sá-Carneiro, no ano de 1916 que, de maneira poética, questiona essa eterna dúvida de “o que sentir”.

“Escrevo-lhe hoje por uma necessidade sentimental — uma ânsia aflita de falar consigo. Como de aqui se depreende, eu nada tenho a dizer-lhe. Só isto — que estou hoje no fundo de uma depressão sem fundo. O absurdo da frase falará por mim. Estou num daqueles dias em que nunca tive futuro. Há só um presente imóvel com um muro de angústia em torno. A margem de lá do rio nunca, enquanto é a de lá, é a de cá, e é esta a razão intima de todo o meu sofrimento. Há barcos para muitos portos, mas nenhum para a vida não doer, nem há desembarque onde se esqueça. Tudo isto aconteceu há muito tempo […] Se eu não estivesse escrevendo a você, teria que lhe jurar que esta carta é sincera, e que as cousas de nexo histérico que aí vão saíram espontâneas do que sinto. Mas você sentirá bem que esta tragédia irrepresentável é uma realidade […] E de que cor será o sentir?” (Carta de Fernando Pessoa para o amigo Sá-Carneiro, Lisboa, 14 de Março de 1916.)

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Written by Kruppa

Introspectivo e sem Perspectiva nenhuma.

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