Do, Re, and Me ou 37 anos do Cometa Halley, e do Kruppa.

Kruppa
3 min readJan 24, 2023

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I walked into a room full of corpses
The room all smelled like flowers
There were Nikes on their feet
Smile under the cloth
Good-bye horses!

AJJ — Do, Re and Me (2014)

Cometa Halley

Nasci em uma manhã de quinta-feira no ano de 1986, mais ou menos um mês antes da última aparição do cometa Halley na terra, porém não sei se vou estar por aqui quando o Halley fazer o próximo periélio na terra, que será no ano de 2061, após isso teremos outra aparição no ano de 2134, se até lá ainda existir uma sociedade humana, espero que pelo menos exista Homens-Lagartos Telepatas em uma sociedade mais igualitária, ou quem sabe o Comunismo Espacial? Não dá pra saber ainda.

Não que exista um esoterismo de minha parte ao citar o Cometa Halley, não entro no rolê místico em relação aos cosmos, acho arriscado, em 1997 uma galera aí achou legal todo mundo usar um tênis da Nike e tomar umas doses da Forbidden Vodka pra acompanhar o Hale-Bopp em sua viagem intergalática pelos cosmos, por mais que possa parecer bem maneiro, não deve funcionar assim, pelo menos creio eu.

Mas estou divagando aqui sobre essa data que todos possamos, anualmente, quando nossa existência completa um ciclo terreno e envelhecemos, minha relação com aniversário sempre foi estranha, afinal, quando criança recebi a educação religiosa de minha mãe, que é Testemunha de Jeová, e essa religião tem em seus dogmas a desaprovação de datas como essa, pois julgam idolatria, desse modo eu não tinha festiva, o que nunca me deixou particularmente animado com a data do dia 23 de Janeiro.

Depois que me tornei adulto e tinha que viver o Final Fight que sobreviver na crise do capitalismo, aniversário me pareceu cada vez mais um ponto determinante em julgar seu sucesso pessoal ou financeiro, como se fosse uma deadline para o julgamento de fracasso, e conforme vamos ficando mais velhos esses objetivos começam a se tornar menos importantes e mais práticos, não queremos mais uma carreira acadêmica exemplar, e sim certo conforto financeiro, se vier com a carreira de sucesso é vantagem, mas caso não aconteça, fazer o que né?

E essa coisa de viver a crise do sistema é complicado para os Millenials, como eu, pois as gerações passadas tinham acesso a bens de consumo que não temos mais, meu pai comprou a primeira casa dele enquanto cursava contabilidade e dirigia um carro entregando gás de cozinha, e nossa geração mesmo com nível superior e um bom emprego não consegue comprar uma casa, pois nossos pais garantiram que a nossa economia fosse para a vala, assim como nós garantimos os mesmo para a geração Z, e assim por diante, então acaba que nos comparamos a nossos pais e questionamos o nosso sucesso pessoal, e tudo acaba se tornando um pouco mais frustrante, isso tudo somada a vida perfeita que as pessoas fingem ter em redes sociais torna a existência algo meio hostil.

As vezes depois de 8h de trabalho penso que aqueles cenários distópicos que a geração anterior representava nos meios de mídia pareciam um pouco melhores que o nosso, com seu metaverso e hiperinflação.

Pelo menos parece mais maneiro.

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Written by Kruppa

Introspectivo e sem Perspectiva nenhuma.

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