Do, Re, and Me ou as resoluções de um novo ano na crise do capitalismo.

Kruppa
4 min readJan 25, 2023

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In the days before the damage boredom was the same as waiting
In the days before the damage water was the only form of raining
In the days before the damage human beings were the ones who did the chasing

Open up your murder eyes and see the ugly world that spat you out

AJJ — Temple Grandin (2014)

Eu sei que escrevi ontem, mas acabei não publicando, então isso seria uma parte II, uma DLC de um textinho mequetrefe que ninguém pediu

Assim que a voz da da Simone cantando “Então é Natal” começa a sumir das lojas, as decorações de Natal começam a ser desmontadas sobrando apenas marcas de fita crepe e eventuais danos estruturais em paredes, temos a impressão que iniciamos um novo ano, o ano anterior venceu, acabou e assim começamos uma novo ano, porém, assim como a data de vencimento de produtos alimentícios, o “fim” do ano é uma data inventada, ou seja, por mais que o ano tenha passado da validade ainda o consumimos, talvez de modo rançoso ou azedo, mas 2022 ainda está em nossos dias, seja pelas viúvas do governo anterior que ainda anseiam em destruir qualquer traço de civilidade que ainda existe na sociedade, ou aquelas metas traçadas em 2021 para 2022 que nem chegaram perto de se realizar e acabaram em 2023, ou seja, ou que tivemos o mínimo de persistência de manter planos, mesmo desistir sendo bom demais.

Mas 2023 é um ano que promete, até tracei planos! E olha que eu parto da suposição que nada de bom vai acontecer comigo nunca, e não só comigo, mas como a nação em geral (afinal, em quatro minutos a felicidade do brasileiro com o Hexa se esvaiu como aquela long neck que você sem querer bateu forte demais na mesa) pretendo finalmente poder dirigir, que é um fato que sempre sou questionando no geral, como pode eu, homem de 37 anos não saber dirigir? Por isso acabei sendo excluído da sociedade tal como um Chimpanzé que não pode fazer parte do bando pois nunca aprendeu a abrir um coco, entretanto, prometi a mim mesmo finalmente aprender a dirigir, ou abrir um coco, pra poder finalmente fazer parte da normalidade social de uma sociedade decadente, e, quem sabe, comprar um carro e me arrepender em breve pois qualquer gasto acima de 100 reais vai me dar vontade de incendiar o veículo para simplesmente acender um cigarro.

Outro plano para o fim do mundo é cursar outra universidade, a terceira no caso, mas dessa vez fazer uma escolha que agrade o capital, depois de duas graduações de docência, a última coisa que quero na vida é ter que ler o Libâneo novamente, não que eu não ame o Libâneo, amo o senhor e sua contribuição para com a sociedade, mas entenda que eu quero ter um pouco de dinheiro pra viver a indulgência do dinheiro em minha conta bancária e poder pedir uma porção sem vergonha de sushi as 22h de uma segunda sem me preocupar se vou ser preso por não pagar minhas contas, ou mesmo serei obrigado a dar partes do meu corpo como garantia de ter energia elétrica em casa, desse modo, cursarei na força do ódio, uma raiva indescritível de cursar um curso superior novamente, por mais que agora seja com códigos e matemática que nunca entenderei no lugar de didática.

Mas encerrando essa coisa de resoluções de ano novo, nunca fui um cara que curtiu as resoluções ou misticismo de ano novo, até porque sei que a maior possibilidade é que meus planos não deem certo, o que faria eu me culpar ainda mais, então penso “poxa, esse ano vai ser bom olhar uma academia de musculação” pois nada pode ser melhor que pagar uma mensalidade para ter algumas horas de puro sofrimento e agonia apenas para seus músculos ficarem aparentes, deve ser bom demais! E pretendo me expor a essa tortura, não como promessa, mas sim como algo a se fazer, um compromisso meio parecido com o pagamento de contas, você não é obrigado a fazer, mas vai sofrer as consequências de não fazer, e vai ter que se virar no escuro, no caso de não pagar a energia elétrica, claro.

Por fim, claro leitor, talvez esse ano seja legal para você, para mim, mas não para Do e Ti, pois eles foram atrás do Haley-Bopp com uma galera desavisada, mas isso é um papo para outro dia.

Fiquem bem!

Vamos todos viver amigos!

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Kruppa
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Written by Kruppa

Introspectivo e sem Perspectiva nenhuma.

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